Vi Hunger Games hoje, como já esperava, cercada de adolescentes histéricos e pessoas que não faziam ideia do que a historia se tratava.
Meu primeiro comentário, para mostrar como as pessoas são completamente irrealistas quando se trata de filmes adaptados de livros, foi o que ouvi do garoto ao lado, logo que o filme começou. A câmera mostrava Katniss saindo de sua casa no Distrito 12 e fazendo uma piada com o gato. Eis que a genialidade em pessoa sentada ao meu lado comenta “Nossa, o gato não tem nada a ver com o do livro”
Sério gente? Foi a esse ponto que nós chegamos? De comparar a aparência do gato? As pessoas realmente ligam pra isso? Será que não dá pra entender, de uma vez por todas, que livro e cinema são mídias diferentes? Que não dá pra transferir cada página para o roteiro?
Enfim, deixando isso de lado, vamos às minhas impressões pessoais do filme. A minha expectativa estava gigantesca, tanto pelo fato de eu amar os livros como pelo fato da equipe envolvida ser muito competente. Os atores não decepcionam, o brilho ficando obviamente com a protagonista Jennifer Lawrence no papel de Katniss. Já era fã de Jennifer, mas ela provou sua versatilidade e total capacidade de se comprometer com seus papeis.
O filme em si, não foi tão maravilhoso quanto eu esperava, mas isso não quer dizer que ele não tenha sido ótimo. As cenas da Arena cumprem bem o seu papel de deixar o espectador na beirada da cadeira, até os que já sabem exatamente o que vai acontecer. Senti falta de um pouco mais de brutalidade dentro da Arena – e fora dela também – mas eu entendo que eles precisavam respeitar um público mais jovem.
A Arena foi exatamente como eu imaginava e eu achei que eles deram a ela o tempo que merecia (a maior parte do filme) porque é só dessa forma que nós conseguimos ter alguma noção de quanto tempo eles precisam sobreviver lá dentro. Os Tributos do distrito 1 e 2 ficaram meio maléficos demais, meio caricaturas, mas no fim cumpriram bem a sua função de vilania. Gostei do fato de assistirmos ao filme pelos olhos de Katniss o tempo todo, sem saber o que acontecia por fora, porque é exatamente assim que nós sentimos ao ler a história. Se tem uma coisa que não faltou nessa produção foi boa ação e ângulos de câmera muito bem escolhidos. A direção de arte também não deixa a desejar, fazendo uma distinção muito clara entre os Distritos e o Capitol.
Já as cenas de antes do Hunger Games em si começar poderiam ter sido BEM mais dramáticas e bem mais trabalhadas. Mais uma vez, eu entendo que o livro tem muito mais tempo para construir uma relação psicológica com o leitor, mas o sofrimento causado pelo Capitol não fica claro no filme. Parece que tudo está bem e feliz até que os jogos comecem, quando na verdade os jogos são apenas uma reflexão da opressão diária sofrida pela população dos distritos.
Fico feliz também que eles não exageraram nos romances – para a tristeza dos fãs de Twilight, que só querem ver beijos e suspiros – e mostraram a relação de Peeta e Katniss pelo que é: uma necessidade de sobrevivência em tempos desesperados. Ambos os atores interpretaram os personagens com muita fidelidade e o mesmo pode ser dito para o restante do elenco, especialmente Effie e Haymitch (Elizabeth Banks e Woody Harrelson).
Meu livro preferido é Catching Fire e eu acho que esse sim tem potencial de ser espetacular, mas Hunger Games começou bem a franquia, sem me deixar de boca aberta, mas certamente feliz como fã, respeitando o principal elemento dessa trilogia de Suzanne Collins: a jornada de uma jovem mulher que sobreviveu às adversidades de uma sociedade corrompida.