Arquivo | maio, 2013

Ser Mulher

22 maio

Hoje li um texto muito bom falando sobre as violências diárias que as mulheres sofrem no mundo moderno e como algumas pessoas acham que machismo é um conceito inventado por gente sem ter o que fazer. Isso me fez pensar em alguma coisas que eu já senti, sendo mulher, e como eu sei que várias das minhas amigas e conhecidas passaram por situações semelhantes.

Toda menina tem uma avó, tia, sogra, mãe, tio, amigo, amiga, conhecido, enfim, alguma pessoa que já recomendou uma dieta nova, um produto pra deixar o cabelo mais bonito, um menino que ela devia conhecer, um salão que deixa as mãos mais bonitas, tudo isso sem ter sido pedido. Não tem nada de errado em recomendar qualquer dessas coisas quando a menina em questão lhe pediu o conselho, mas as pessoas ao nosso redor estão constantemente tentando nos deixar mais femininas, mais bonitas, mais magras, tudo que supostamente é necessário para atrair um bom partido do sexo oposto. Se a noção parece absurda e antiquada, pare para pensar quantas vezes te perguntaram do namoradinho, ou como você perdeu tanto peso ou porque seu cabelo está tão bonito. Eu aposto que a resposta é MUITAS.

Mas quantas vezes te perguntaram como andavam seus estudos, qual carreira que você queria seguir, te recomendaram aquela biblioteca legal onde você pode aprender coisas novas? Não tantas. E pra quem acredita que isso se deve ao fato destes assuntos serem menos complexos, se engana. Porque estas são as perguntas que os mesmos parentes, amigos e conhecidos, fazem para os homens. É importante saber como a carreira do homem está indo, quais são seus planos para o futuro, mas contanto que a mulher esteja cuidando da sua aparência, está tudo bem, o mundo continua nos eixos.

Eu mesma já tive amigas que a única coisa que as pessoas falavam ao encontra-la era: “como você está linda” ou “nossa, que magreza” ou ainda “aposto que está cheio de meninos te perseguindo”. E estas pessoas, acreditavam com toda a fibra do ser que estes elogios eram a única coisa que uma mulher queria ouvir. Hoje em dia, eu penso que tenho pena dessas meninas, dessas jovens cheias de potencial que só escutam o quanto estão bonitas e o quanto não vão ter problemas para arrumar namorados. Porque legal mesmo seria encontrar seus amigos e família e ouvir “nossa, que trabalho fantástico você fez”,  ou “ouvi dizer que você foi aceita na escola tal” ou ainda o quanto você é inteligente e legal de conversar ou o quanto aquele emprego novo é ótimo. Seria legal as pessoas perguntarem mais sobre o que você faz no seu tempo livre, o que você faz no trabalho do que o que você faz pra manter aquele corpão.

Ser mulher hoje é lidar com essas realidades sem perder a compostura (porque uma dama não apela). É aceitar que todo o trabalho que você tem pra se manter em forma é só pra ter que aguentar homens mexendo com você na rua ou se esfregando em você em uma festa como se fosse o direito divino deles (afinal, você só é “gostosa” pra ser cantada). Nós somos vítimas do que fazemos para nós mesmas, dos esforços que fazemos para tentarmos nos manter no lado bom da sociedade e, muitas vezes nesse caminho, esquecemos do que realmente é importante para nós, antes de mais ninguém. Eu nunca soube cozinhar, detesto salto alto, quase não uso maquiagem e visto 42. Conheço meninas que acham todas estas coisas um absurdo e meninos que se julgam no direito de cobrar esse tipo de coisa de toda mulher que conhecem. Conheço homens que acham que mulher sem salto é homem e, pior, mulheres que acham o mesmo.

Um dia desses fui reclamar com uma amiga que estava me achando gorda e estava triste. Eu tinha acabado de me formar com honras em um curso fora do país, tinha voltado de uma viagem maravilhosa com meus pais, terminado um livro e realizado um monte de outras coisas boas, mas a única coisa que conseguia pensar era no peso, nesse aspecto negativo daquele momento da minha existência. E essa amiga me disse uma coisa muito simples: tem coisa muito mais importante do que isso. Mesmo com tudo de positivo que temos na vida, nós mulheres, não conseguimos evitar de nos comparar com todas as outras mulheres do mundo, especialmente quando a um quarteirão de casa tem uma loja de três andares com fotos de dez metros de altura de sete modelos diferentes da Victoria’s Secret. E fazemos isso porque queremos. Está na hora de mudar de atitude. De se afastar das meninas mesquinhas que acham que você tem que usar salto e maquiagem e dos homens que acham que se você não veste 00, você não vale nada.

A verdade é que, mesmo as mulheres mais seguras e independentes que conheço estão mais sujeitas a se sentirem inseguras sobre o próprio corpo do que sobre a falta de sucesso profissional. Por que? Porque elas valorizam beleza acima de realização profissional? Não. Porque todos os dias, a todo momento, elas são lembradas do quão inadequadas são fisicamente, mas raramente são lembradas se são ou não inadequadas profissionalmente. Uma mulher sem emprego ou objetivos de carreira é perdoável, mas uma mulher sem namorado e  que come chocolate quando quer é um crime contra a humanidade.

Re(a)d – Curta de Animação

18 maio

Ei pessoal!!!

Eu sei que faz tempo que eu não escrevo aqui, mas esse vídeo aí é a razão pela qual eu meio que sumi durante um ano! HA!

É o produto de quase oito meses de muito trabalho e é meu projeto final do curso de 3D Animation and Visual Effects da Vancouver Film School.

Eu achei que seria legal dividir com vocês amantes de livros, já que o curta é sobre livros!

Espero que vocês gostem!!